quarta-feira, 7 de maio de 2014

A MUDANÇA E PERPETUIDADE DO SABBATH - COMO E POR QUE GUARDAR O DIA DO SENHOR

Quanto à coleta para os santos, fazei vós também como ordenei às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando, para que se não façam coletas quando eu for.” (1 Coríntios 16: 1, 2)

É a intenção e propósito de Deus que o primeiro dia da semana seja especialmente separado entre os cristãos para os exercícios e deveres religiosos.
Já discursei acerca desta doutrina, utilizando duas proposiçoes. Primeiro, que é a vontade de Deus que um dia da semana seja, em todas as épocas, separado para os deveres religiosos, e, segundo, que sob o evangelho, este dia fosse o primeiro da semana. Agoro, prossigo para a aplicação.

Aplicação

 Esta terá como propósito a exortação.
1. Sejamos gratos pela instituiçao do Sabbath cristão. É algo em que Deus demonstrou sua misericórdia por nós, e seu cuidado por nossas almas. Ele mostra que, por sua infinita sabedoria, promove nosso bem, como Cristo nos ensina, ao dizer que o Sabbath foi feito para o homem, em Marcos 2:27: “E acrescentou: O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado.” Ele foi feito para o proveito e conforto de nossas almas.
O Sabbath é um dia de descanso. Deus designou que devíamos, a cada sétimo dia, descansar de todos os nossos labores mundanos. Ao invés disso, poderia ter apontado os mais pesados serviços para que realizássemos, ou algum trabalho severo para que suportássemos. É um dia de descanso físico, mas especialmente de descanso espiritual. É um dia designado por Deus, para que seu povo pudesse achar nele descanso para suas almas. Para que as almas dos crentes pudessem descansar e ser revigoradas no seu Salvador. É um dia de júbilo. Deus o criou para ser um dia alegre para a igreja: Sl 118:24:Este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele.” Aqueles que o recebem corretamente e o aproveitam, chamam-no deleitoso e digno de honra: é dia agradavel e alegre para eles; é uma imagem do futuro descanso celestial da igreja. Hb 4:9-11: Portanto, resta um repouso” (ou sabbatismos, como está no original) “para o povo de Deus. Porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das suas. Esforcemo-nos, pois, por entrar naquele descanso.
O Sabbath cristão é um dos mais importantes deleites da igreja visível. Cristo mostrou seu amor pela igreja ao instituí-lo; e é necessário que a igreja cristã seja grata a seu Senhor por ele. O próprio nome deste dia, o dia do Senhor, ou o dia de Jesus, deve torná-lo agradável aos cristãos, já que sugere a especial relação que tem com Cristo, e também o seu propósito, que é comemorar nosso querido Salvador e seu amor pela sua igreja ao redimi-la.
2. Seja exortado a guardar este dia como santo. Deus deu evidências de que esta é a sua vontade, que certamente cobrará de você, se não o observa estrita e conscientemente. E se você assim o observar, terá este conforto ao refletir sobre sua conduta, de que não o faz por superstição, mas conforme Deus revelou ser sua intenção e vontade na sua Palavra, que você assim o fizesse. E fazendo assim, está no caminho da aceitação e recompensa de Deus.
Aqui, deixe-me apresentar as seguintes razões para animá-lo a este dever:
a) pela observação estrita do Sabbath, o nome do Senhor é honrado, de uma maneira tal que lhe é muito aceitável. Is 58:13: “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs.” Nisso Deus é honrado, uma vez que é uma manifestação visível de respeito pela santa lei de Deus, e uma reverência daquilo que tem peculiar relação com Ele próprio, e isso de uma maneira superior em alguns aspectos à observância dos demais mandamentos. E o homem pode ser justo, generoso e ainda assim não mostrar claramente tanto respeito pela intenção e vontade de Deus, pois assim têm sido muitos dos pagãos. Mas se alguém, com evidente rigor e cuidado, observa o Sabbath, é manifestação visível de um cuidado consciencioso pela declaraçao da vontade de Deus, e é assim uma honra visível feita a sua autoridade.
Por uma estrita observância do Sabbath, o rosto da religião é mantido no mundo. Se não fosse por ele, haveria pouca exibição pública e visível de serviço, adoração e reverência para com o supremo e invisível Ser. O Sabbath parece ter sido apontado principalmente para este fim, isto é, sustentar a visibilidade da religião em público, ou entre os grupos professos de homens; e quanto mais solenemente os deveres do dia forem observados entre um povo, maior será entre eles a manifestação de respeito ao Ser Divino.
Este deve ser um poderoso motivo para observarmos o Sabbath. Deve ser nossa meta acima de todas as coisas honrar e glorificar a Deus. Deve ser a coisa maior entre os que carregam o nome de cristãos honrar seu grande Deus e Rei, e espero que seja uma grande coisa entre muitos que me ouvem agora. Se for sua busca, se for seu desejo, honrar a Deus, por meio desse assunto você será instruído em um caminho no qual poderá avançar muito nessa direção, isto é, ao honrar o Sabbath e mostrar uma cuidadosa e estrita observância dele;
b) o assunto do Sabbath é o maior assunto de nossas vidas, isto é, o da religião. Servir e adorar a Deus é para o que fomos feitos, e para o que recebemos a existência. Outros assuntos, de natureza secular, aos quais costumamos atender nos dias da semana, não são senão subordinados, e devem ser subservientes aos mais altos propósitos e fins da religião. Portanto, certamente não deveríamos hesitar muito em devotar a sétima parte do nosso tempo, a ser gasta inteiramente neste assunto, e ser separada para nos exercitarmos nos deveres imediatos da religião;
c) que seja considerado que todo nosso tempo é de Deus e que, portanto, quando ele nos requisita um dia em sete, requisita o que é seu. Não excede em seu direito e não excederia se exigisse uma proporção muito maior de nosso tempo a ser gasta no seu serviço imediato. Mas ele considerou com misericórdia a nossa situação, e nossas necessidades aqui, e consultou o bem de nossas almas ao apontar um sétimo dia para os deveres imediatos da religião, assim como considerou nossas necessidades exteriores, e nos permitiu seis dias para o atendimento de nossos assuntos externos. Que tratamento indigno, portanto, daremos a Deus se recusarmos lhe dedicar até mesmo o sétimo dia!
d) como o Sabbath é um dia separado especialmente para os exercícios religiosos, também é um dia em que Deus confere de modo especial sua graça e benção. Assim como Deus nos ordenou que o separássemos para termos comunhão com ele, também o separou para ter comunhão conosco. Assim como nos ordenou que observássemos o Sabbath, ele próprio o observa. Acontece com respeito a esse dia o que Salomão orou para que acontecesse com respeito ao templo (2 Cr 6:20). Seus olhos estão abertos sobre ele; está pronto, então, a especialmente ouvir as orações, a aceitar os serviços religiosos, a encontrar seu povo, manifestar-se a eles, conceder seu Santo Espírito e benção aos que diligente e conscientemente o santificarem.
Que nós devemos santificar o Sabbath, como observamos, está de acordo com a instituição de Deus. Em certo sentido, Ele observa suas próprias instituições, isto é, costuma fazer com que sejam acompanhadas com uma benção. As instituições de Deus são seus meios apontados de graça, e com suas instituições ele prometeu sua benção. Ex 20:24: “em todo lugar onde eu fizer celebrar a memória do meu nome, virei a ti e te abençoarei.” Pela mesma razão, podemos concluir que Deus encontrará seu povo e o abençoará, aguardando por ele não apenas em lugares designados, mas também em tempos designados e de modos designados. Cristo prometeu que, onde estivessem dois ou três reunidos em seu nome, estaria no meio deles (Mt 18:20). Uma coisa incluída na expressão em seu nome é que seja pela sua designação e de acordo com sua instituição.
Deus fez nosso dever, pela sua instituição, que separássemos este dia para uma busca especial de sua graça e benção. De onde podemos argumentar que estará especialmente pronto para conferir sua graça sobre os que assim o buscam. Se esse for o dia no qual Deus requer que nós o busquemos de maneira especial, podemos argumentar que também é o dia no qual ele pode ser especialmente encontrado. Que Deus está especialmente pronto, neste dia, a conceder sua bênção aos que o guardam retamente, está implícito naquela expressão de Deus abençoar o dia de Sabbath. Ele não apenas o santificou, mas o abençoou; deu a ele sua bênção, e dará sua bênção a todos os que o observarem de maneira legítima. Ele o santificou, ou designou que fosse mantido santo por nós, e o abençoou; determinou dar sua bênção sobre ele.
De modo que aqui há grande encorajamento para que guardemos o Sabbath como um dia santo, à medida em que buscamos a graça de Deus e nosso próprio bem espiritual. O dia de Sabbath é um tempo aceitável, um dia de salvação, um dia em que Deus especialmente ama ser buscado e ama ser encontrado. O Senhor Jesus Cristo deleita-se no seu dia; ele se deleita em honrá-lo; deleita-se em encontrar-se e manifestar-se aos seus discípulos nele, como demonstrou antes de sua ascensão, aparecendo-lhes de tempos em tempos nesse dia. Nele, Cristo se delicia em conceder seu Santo Espírito, como deu a entender ao escolhê-lo como o dia em que derramaria o Espírito de modo tão notável sobre a igreja primitiva, e também o dia em que deu o Espírito ao apóstolo João.
No passado, Deus abençoou o sétimo dia, ou o designou para ser o dia em que ele especialmente concederia bênçãos ao seu povo, como uma expressão de sua alegre lembrança desse dia e do descanso e refrigério que nele teve. Ex 31:16-17:Pelo que os filhos de Israel guardarão o sábado, celebrando-o por aliança perpétua nas suas gerações. Entre mim e os filhos de Israel é sinal para sempre; porque, em seis dias, fez o SENHOR os céus e a terra, e, ao sétimo dia, descansou, e tomou alento.” Assim como os príncipes distribuem presentes no dia de seus aniversários, nos de casamento e em outros, também Deus costumava dispensar dons espirituais no sétimo dia.
Mas quanto maior razão tem Cristo de abençoar o dia de sua ressurreição, e deleitar-se em honrá-lo, e conferir sua graça e dons benditos ao seu povo nesse dia. Foi o dia em que Cristo descansou e tomou alento em um sentido literal. Foi um dia de libertação das cadeias da morte, o dia do término dessa grande e difícil obra da redenção, que tinha estado sobre seu coração desde toda a eternidade. O dia da justificação pelo Pai; o dia do início de sua exaltação e do cumprimento das promessas do Pai; o dia em que teve a vida eterna, que ele havia adquirido, posta em suas mãos. Nesse dia Cristo realmente se delicia em distribuir dons, e bênçãos, e alegria, e felicidade e se deliciará em fazer o mesmo até o fim do mundo
Portanto, ó como vale a pena aproveitar este dia para clamar a Deus e buscar a Jesus Cristo! Que os pecadores despertos sejam animados por estas coisas a aproveitarem o dia de Sabbath, para se colocarem ainda mais no caminho do Espírito de Deus. Aproveite este dia para clamar a Deus, pois nele Ele está perto. Aproveite para ler as Santas Escrituras, e diligentemente atender à sua palavra pregada; pois então é o momento mais provável para se ter o Espírito acompanhando-a. Que os santos que estão desejosos de crescer em graça, e gozar da comunhão com Cristo, aproveitem o Sabbath por esses motivos;
e) o último motivo que mencionarei é a experiência da influência que uma estrita observância do Sabbath tem sobre todo o cristianismo. Pode ser observado que, naqueles lugares em que o Sabbath é bem guardado, a religião em geral será mais florescente, e onde ele não é notado, e é menosprezado, não há muito cuidado com a religião em geral. Mas,
PERGUNTA: Como devemos guardar o Sabbath?
RESPOSTA 1: Devemos ser extremamente cuidadosos neste dia para nos abstermos do pecado. Na verdade, todas as quebras do Sabbath são pecaminosas, mas falamos agora daquelas coisas que são em si mesmas pecaminosas, ou pecaminosas por outros motivos, além do fato de serem cometidas no Sabbath. Sendo este um tempo santo, é especialmente corrompido pela comissão de pecado. O pecado cometido nesse dia torna-se mais excessivamente pecaminoso. Somos ordenados a nos abstermos do pecado a todo momento, mas em especial no tempo santo. Cometer imoralidade no Sabbath é o pior modo de profaná-lo, o que mais provoca Deus, e traz maior culpa sobre as almas dos homens.
Como deve ser provocador para Deus quando os homens fazem coisas nesse dia que ele santificou, e separou para ser gasto nos exercícios imediatos da religião, coisas essas que não são adequadas para serem feitos nos dias comuns, que são impuras e ímpias a qualquer momento que sejam feitas!
Portanto, se as pessoas forem culpadas de impiedades, tais como os excessos ou quaisquer ações impuras, estes profanam o Sabbath de maneira horrenda. Ou se forem culpados de impiedade no falar, ou de linguagem profana, ou de comportamento impuro e lascivo, ou de falar mal do seu próximo, estes de modo terrível profanam o Sabbath. Contudo, é muito comum que os que estão acostumados com tais coisas nos dias da semana, não tenham consciência para restringi-las no Sabbath. Seria bom se os que vivem na indulgência da luxúria da impureza nos dias da semana fossem de uma forma ou de outra puros no Sabbath. Contudo, eles se permitirão as mesmas luxúrias então; as mesmas chamas impuras em suas imaginações pelo menos: e seria bom se se mantivessem limpos enquanto estivessem na casa de Deus, fingindo prestar culto a Ele. O jovem impuro presta contas de si: Pv 5:14: Quase que me achei em todo mal que sucedeu no meio da assembleia e da congregação.” Portanto, os que são viciados num modo impuro de falar nos dias da semana, nada tem para impedi-los de fazer o mesmo no Sabbath, quando se reúnem. Mas Deus é terrivelmente provocado por tais coisas.
Devemos cuidadosamente vigiar nossos corações, e evitar todos os pensamentos pecaminosos no Sabbath. Devemos manter reverência tal pelo Sabbath, a ponto de termos um terror peculiar do pecado, que nos leve a uma cuidadosa vigilância de nós mesmos.
RESPOSTA 2. Devemos cuidadosamente nos abster de todas as preocupações mundanas. A razão, como mostramos, do porquê é necessário e próprio que certas partes determinadas do tempo sejam separadas para serem devotadas aos exercícios religiosos, é porque o estado da humanidade é tal neste mundo que os homens necessitam exercitar suas mentes, e empregar seus pensamentos sobre questões seculares. Portanto, é conveniente que haja tempos determinados, nos quais todos devam ser obrigados a deixar de lado as outras preocupações, para que suas mentes estejam mais livres e com menos embaraços estejam engajadas nos exercícios religiosos e espirituais.
Portanto, devemos fazer isso, por que senão frustraremos o próprio desígnio da instituição de um Sabbath. Devemos nos abster cuidadosamente de nos dedicarmos exteriormente a qualquer coisa mundana, sejam negócios ou recreações. Devemos descansar na lembrança do descanso de Deus da obra da criação, e do descanso de Cristo da obra da redenção. Devemos ser cuidadosos de que não violemos o Sabbath no seu princípio, ao nos ocuparmos com o mundo depois que ele já iniciou. Devemos evitar falar sobre matérias mundanas, e até mesmo pensar sobre elas, pois quer nos conformemos externamente com o mundo ou não, se, contudo, nossas mentes estiverem, nós frustramos o fim do Sabbath. O propósito de sua separação dos outros dias é que nossas mentes sejam desligadas das coisas mundanas: e devemos evitar estar externamente conformado com elas por esta razão: que isso não pode acontecer sem que nossas mentes sejam afetadas. Não devemos, portanto, dar espaço algum ao mundo em nossos pensamentos no Sabbath, mas nos abstermos das preocupações mundanas, e manter vigilância sobre nós mesmos, para que o mundo não o viole como está pronto a fazer. (Is 63:13-14)
RESPOSTA 3. Devemos gastar o tempo em exercícios religiosos. Este é o propósito mais supremo do Sabbath. Devemos manter nossas mentes separadas do mundo, tendo em vista principalmente que estejamos mais livres para os exercícios religiosos. Ainda que seja um dia de descanso, contudo não foi projetado para ser um dia de ócio. Descansar dos empregos mundanos, sem nos empregarmos com outras coisas, é nada mais do que nos colocarmos no caminho do diabo. A mente será empregada de uma forma ou outra; portanto, sem dúvidas, o propósito para o qual devemos retirar de nossas mentes os cuidados mundanos no Sabbath é o de empregá-las para coisas que são melhores.
Devemos atender os exercícios espirituais com a maior diligência. Que este seja dia de descanso não nos impede que assim o façamos, pois devemos encarar os exercícios espirituais como o descanso e refrigério da alma. No céu, onde o povo de Deus tem o mais perfeito descanso, não há ociosidade, mas os santos estão engajados nos exercícios espirituais e celestiais. Portanto, devemos ter cuidado em empregar nossas mentes no dia de Sabbath nos objetos espirituais pela santa meditação; aproveitando para nosso auxílio as Santas Escrituras, e outros livros que estão de acordo com a palavra de Deus. Também devemos nos engajar externamente neste dia nos deveres do culto divino, em público e em particular. É apropriado ser mais frequente e abundante nos deveres secretos neste dia do que nos outros, enquanto tivermos tempo e oportunidade, bem como atender às ordenanças públicas.
É apropriado neste dia, não apenas especialmente promover o exercício da religião em nós mesmos, mas também nos outros. Assistindo-os, e esforçando-nos para promover o bem espiritual deles pela associação religiosa. Especialmente aqueles que têm o cuidado pelos outros devem neste dia se esforçar para promover o bem espiritual deles: chefes de família devem instruir e aconselhar seus filhos, e animá-los nos caminhos da religião, e devem supervisionar para que o Sabbath seja estritamente observado em seus lares. Uma bênção peculiar pode ser esperada pelas famílias que observam cuidadosa, estrita e devotamente o Sabbath.
RESPOSTA 4. Devemos nesse dia especialmente meditar e celebrar a obra da redenção. Devemos com alegria especial lembrar a ressurreição de Cristo, pois ela foi o fim desta obra. E esse é o dia em que Cristo descansou e tomou alento, após ter suportado aqueles labores extremos que sofreu por nossas almas que pereciam. Esse foi o dia do regozijo do coração de Cristo; foi o dia de sua libertação das cadeias da morte, e também de nossa libertação, pois somos libertados naquele que é a nossa Cabeça. Ele, por assim dizer, ressurgiu com seus eleitos. Ele é as primícias, e os que são seus o seguirão. Cristo, quando ressurgiu, foi justificado como uma pessoa pública, e nós somos justificados nele. Este é o dia de nossa libertação do Egito.
Devemos, portanto, meditar nesse dia com alegria; devemos ter simpatia com Cristo em sua alegria. Assim como tomou alento nesse dia, também devemos tomar, pois temos nossos corações unidos ao dele. Quando Cristo rejubila-se, toda a sua igreja deve se rejubilar. Devemos dizer desse dia: Sl 118:24: “Este é o dia que o SENHOR fez; regozijemo-nos e alegremo-nos nele.
Mas não devemos apenas comemorar a ressurreição de Cristo, mas a inteira obra da redenção, da qual esta foi o término. Guardamos o dia em que a obra foi finalizada, em lembrança dessa obra completa. Devemos nesse dia contemplar o maravilhoso amor de Deus e de Cristo, como é expresso na obra da redenção; e nossa lembrança dessas coisas deve ser acompanhada com exercícios adequados da alma com respeito a ele. Quando trazemos à mente o amor de Cristo, deve ser com um amor correspondente de nossa parte. Quando comemoramos essa obra, deve ser com fé em nosso Salvador. E devemos louvar a Deus e ao Cordeiro por essa obra, pela glória e amor divinos manifestados nela, em nossas orações públicas e privadas, ao falar das obras maravilhosas de Deus, e ao entoar os cânticos divinos.
Assim é próprio que os discípulos de Cristo devam ser escolher esse dia para se reunirem para partir o pão, ou celebrar a ordenança da ceia do Senhor (At 20:7), pois foi uma ordenança instituída em lembrança da obra da redenção.
RESPOSTA 5. Obras de misericórdia e caridade são muito apropriadas e aceitáveis no dia de Sabbath. Elas eram apropriadas no antigo Sabbath. Cristo costumava fazê-las nesse dia. Mas elas de modo especial tornam o Sabbath cristão, porque é um dia guardado em comemoração da grande obra de misericórdia e amor para conosco jamais realizada. O que pode ser mais apropriado do que, nesse dia, expressar nosso amor e misericórdia para com nossos semelhantes, em especial aos nossos irmãos cristãos? Cristo ama nos ver mostrar gratidão a ele desse modo. Portanto, descobrimos que o Espírito santo era especialmente cuidadoso que tais obras fossem realizadas nesse dia da semana na igreja primitiva, como aprendemos no texto lido.


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