Richard Baxter |
[Nota do blog: Ainda que este
blog seja dedicado à obra de Jonathan Edwards, lanço aqui o prefácio de uma obra fundamental de Richard Baxter, teólogo puritano a quem muito admiro e recomendo. A obra completa estará
disponível em breve, se Deus assim me permitir completá-la.]
PREFÁCIO
A
todas as pessoas não santificadas que lerão este livro, especialmente aos meus
ouvintes na vila e paróquia de Kidderminster.
Homens e irmãos,
O Deus eterno que os criou para a vida eterna, e os redimiu
por seu único Filho, quando vocês a haviam perdido e a si mesmos, sendo-lhes
atencioso nos seus pecados e miséria, compôs o evangelho e o selou pelo seu
Espírito, e ordenou a seus ministros que o pregassem ao mundo, para que,
sendo-lhes ofertado livremente o perdão, e os céus abertos diante de vocês,
pudesse chamá-los de seus prazeres carnais, e de seguirem no encalço deste
mundo enganoso, e os familiarizasse com a vida para a qual foram criados e
redimidos, antes que estivessem mortos e sem remédio.
Ele não lhes envia profetas ou apóstolos, que recebem suas
mensagens por revelação imediata; porém, os chama por meio de seus simples
ministros, que são comissionados por ele a pregar-lhes o mesmo evangelho
primeiramente entregue por Cristo e seus apóstolos. O Senhor vê como vocês
esqueceram-se dele e de seu fim principal, e como menosprezam as coisas
eternas, à semelhança de homens que não entendem o que devem fazer ou sofrer.
Ele vê como são ousados no pecado, e destemidos mesmo com as ameaças, e como
são descuidados de suas almas, e como a obra dos infiéis se acha nas suas
vidas, ao mesmo tempo em que a fé cristã está nas suas bocas.
Ele vê o terrível dia se aproximando, quando suas dores
começarão, e deverão lamentar isso tudo com clamores inúteis, em tormento e
desespero. E, então, a lembrança de suas tolices rasgará seus corações, se a
verdadeira conversão disso não os livrar agora.
Compadecido de suas almas pecaminosas e miseráveis, o
Senhor, que conhece sua situação melhor do que vocês mesmos, nos comissionou a
falar-lhes em Seu nome (2 Co 5:19) e a lhes dizer abertamente sobre seus
pecados e miséria, e sobre qual será seu fim, e como verão brevemente uma
triste mudança, se persistirem nisso por mais um pouco.
Havendo-os comprado por tão caro preço como é o sangue de
seu Filho Jesus Cristo, e lhes feito promessas de perdão tão livres e
abrangentes, e de graça e glória eternas, Ele nos ordenou que lhes
oferecêssemos isso tudo como dádiva de Deus, e que lhes suplicássemos a
considerarem a necessidade e dignidade daquilo que oferecia. Ele vê e se
compadece de vocês, enquanto estão submersos nos cuidados e prazeres mundanos,
avidamente seguindo após brinquedos infantis, gastando o tempo curto e precioso
por coisas sem valor, tempo esse em que deveriam se preparar para uma vida
eterna. Portanto, solenemente nos ordenou que os chamássemos, e lhes
disséssemos sobre como desperdiçam seus esforços e estão prestes a perder suas
almas, e a lhes falar sobre coisas melhores e superiores que poderiam
certamente obter, se ouvissem o seu chamado (Is 55:1-3).
Cremos e obedecemos à voz de Deus. E viemos até vocês com a
mensagem que nos incumbiu de pregar, e que instássemos, em tempo e fora de
tempo, que levantássemos nossas vozes como uma trombeta, e mostrássemos seus
pecados e transgressões (Is 58.1-2; 1 Tm 4.1-2)
Mas, infelizmente, para o luto de nossas almas e a ruína das
suas, vocês fecham os ouvidos, enrijecem os pescoços, endurecem os corações, e
nos enviam de volta a Deus com gemidos, para lhe dizer que cumprimos seu
chamado, mas que não pudemos lhes fazer bem, nem ao menos obter uma única
audiência sóbria. Tomara nossos olhos fossem uma fonte de lágrimas, para que
pudéssemos lamentar nosso povo ignorante e descuidado, que tem Cristo diante de
si, e o perdão, a vida e os céus, mas não tem corações para conhecê-los e
estimá-los! Que poderiam ter Cristo, a graça e a glória, bem como as demais
coisas, não fora sua voluntária negligência e desprezo! Tomara Deus enchesse
nossos corações com mais compaixão por essas almas miseráveis, para que
pudéssemos nos atirar a seus pés, e segui-las até as suas casas, e lhes falar
com amargas lágrimas, pois, por muito tempo, temos lhes pregado em vão.
Estudamos a clareza para fazê-los entender; examinamos as
palavras sérias e penetrantes, para fazê-los sentir. Tudo em vão. Se os maiores
assuntos funcionassem com eles, nós os despertaríamos. Se as mais doces coisas
funcionassem, nós os provocaríamos e ganharíamos seus corações. Se as coisas
mais terríveis funcionassem, ao menos os faríamos temer a impiedade. Se a
verdade e a certeza os vencessem, cedo os convenceríamos. Se o Deus que os
criou, e o Cristo que os comprou pudessem ser ouvidos, a situação deles logo
seria alterada. Se a Escritura pudesse ser ouvida, cedo prevaleceríamos. Se a
razão, mesmo os melhores e mais convincentes motivos, pudessem ser ouvidos, não
duvidamos de que rápido os convenceríamos. Se a experiência pudesse ser ouvida,
mesmo a sua própria, e a do mundo todo, a situação estaria resolvida. Sim, se a
consciência interior pudesse ser ouvida, a situação deles estaria melhor do que
a atual. Mas se nada puder ser ouvido, o que faremos por eles? Se o temível
Deus do céu for desprezado, com quem se preocuparão? Se o amor e o sangue
inestimável do Redentor forem menosprezados, o que será valorizado? Se os céus não
lhes têm uma glória desejável, e as alegrias eternas não tiverem valor; se
podem zombar no inferno, e dançar sobre o abismo sem fundo e gracejar com o
fogo consumidor, e isso quando Deus e homem os alertam do perigo, o que faremos
por almas semelhantes a essas?
Uma vez mais, em nome do Deus dos céus, lhes trarei a
mensagem que ele nos ordenou, e a deixarei nestas linhas suspensas para
convertê-los ou condená-los; para mudá-los ou suscitar contra vocês julgamento,
e para ser um testemunho às suas faces de que uma vez ouviram um sério chamado
para que se arrependessem.
Ouçam, vocês que são escravos do mundo, e servos da carne e
de Satanás! Que gastam seus dias buscando a prosperidade na terra, e afogam
suas consciências na bebida, glutonaria, no ócio e nos divertimentos tolos; que
conhecem seus pecados e, ainda assim, pecam, como se desafiassem a Deus, e o
suplicassem a lhes fazer o mal e a não os poupar! Ouçam, todos os que não se
importam com Deus, e nem têm coração para as coisas santas, e não sentem prazer
na palavra ou no culto do Senhor, nem nos pensamentos e menções da vida eterna!
Vocês que são relaxados com suas almas imortais, e nunca separam uma única hora
para investigar sobre a situação em que se encontram, se são santificados ou
profanos, e se estão prontos para comparecer perante o Senhor! Ouçam, todos
vocês que, por pecar na luz, se atordoaram na infidelidade, e não creem na
palavra de Deus! Aquele que tem ouvidos para ouvir, que ouça o chamado
gracioso, mas terrível, de Deus! Seus olhos estão sobre vocês. Seus pecados
estão registrados e certamente terão notícias deles ainda. Deus possui o livro
agora, e o escreverá por inteiro nas suas consciências, com seus terrores, e
desse modo vocês também o possuirão.
Ó pecadores, tomara vocês soubessem ao menos o que estão
fazendo! E que soubessem a quem estão ofendendo! O sol é escuridão diante da
Sua Majestade, esta mesma que vocês abusam diariamente e provocam
insensivelmente. Os anjos que pecaram não puderam permanecer diante dele, mas
foram expulsos para serem atormentados com os demônios. E ousam semelhantes
vermes tolos como vocês ofendê-lo tão insensivelmente, e se colocarem contra o
seu Criador? Tomara vocês soubessem ao menos um pouco da situação de suas almas
miseráveis, que chamaram o Deus vivo contra si! As palavras de sua boca, que os
fizeram, podem desfazê-los; a fúria de seu rosto os cortará e lançará fora na
completa escuridão. Como estão prontos os demônios que os tentaram a cair sobre
vocês, e nada esperam senão a palavra vinda de Deus para tomá-los e usá-los
como suas possessões! E, assim, em um momento, vocês estarão no inferno. Se
Deus for contra vocês, todas as coisas também o são. Este mundo é tão somente a
sua prisão, pois tudo o que amam está nele. Vocês estão reservados aqui para o
dia da ira (Jó 21:30).
O Juiz está vindo, e a sua alma está partindo. Ainda um
pouco, e seu amigo dirá a seu respeito: “Está morto”. E você verá as coisas que
agora despreza, e sentirá aquilo que agora não acredita. A morte lhe trará um
argumento ao qual não poderá responder, um argumento que efetivamente refutará
seus sofismas contrários à Palavra e aos caminhos do Senhor, e todas as suas
imbecilidades presunçosas. E, então, como será rápida a sua mudança de mente!
Seja então um descrente, se puder. Sustente, então, suas antigas palavras, que
costumava proferir contra a vida santa e celestial! Defenda, então, aquela
causa, diante do Senhor, que costumava advogar contra seus mestres, e contra o
povo temente a Deus. Apegue-se, então, às suas antigas opiniões e pensamentos
desdenhosos acerca da diligência dos santos. Apronte agora as suas mais fortes
razões, e fique de pé diante do Juiz, e defenda como um homem a sua vida
carnal, mundana e ímpia. Mas agora que tem Alguém com quem disputar, a esse não
irá subjugar, nem adiará como faz conosco, criaturas como você.
Ó pobre alma! Não há nada senão um fino véu de carne entre
você e essa vista maravilhosa, que em breve o silenciará, e mudará sua voz, e o
fará mudar de opinião! Tão logo a morte levantar essa cortina, você verá
primeiro aquilo que rapidamente o deixará mudo. Como se apressa esse dia e hora
em chegar! Quando você não tiver senão mais algumas poucas horas alegres,
alguns poucos tragos e bocados, e um pouco mais das honras e riquezas do mundo,
sua porção será gasta, e seus prazeres findarão, e tudo em que você colocou o
coração terá passado. De tudo aquilo pelo que você vende o Salvador e a
salvação, nada ficou senão o oneroso ajuste de contas. Como um ladrão que se
assenta na taverna alegremente para gastar o dinheiro roubado, enquanto os
homens cavalgam a toda pressa para prendê-lo, assim ocorre com você. Enquanto
se encontra afogado em cuidados e prazeres carnais, e festejando com sua
infâmia, a morte vem a toda pressa para capturá-lo, e levar sua alma para um
lugar e estado de que agora você pouco conhece ou se importa.
Suponham que, enquanto estivessem ousados e ocupados no
pecado, estivesse vindo um mensageiro enviado de Londres para agarrá-los e
matá-los. Ainda que não o vissem, se, contudo, soubessem que estava vindo, isso
acabaria com a sua festa, e ficariam a pensar sobre a velocidade desse
mensageiro, e ficariam a ouvir quando batesse as suas portas. Oh! Tomara
pudessem ver com que pressa vem a morte, mesmo que ela ainda não os tenha
vencido! Nenhum mensageiro é tão veloz! Nenhum é mais certo! Tão certo como o
sol estará com vocês pela manhã, ainda que tenha muitas milhares e centenas de
milhas para percorrer à noite, também a morte rapidamente estará com vocês. E,
então, o que será de suas diversões e prazeres? Vocês farão gracejos e
esbravejarão? Nesse dia, se rirão dos que lhe alertarem? Nessa hora, será
melhor ser um crente santificado ou um mundano sensual? “E aquilo que
ajuntaram, para quem será” (Lc 12:19-21). Vocês não observam que os dias e
semanas rapidamente passam, e as noites e manhãs estão aceleradas, e
rapidamente sucedem umas às outras? Vocês dormem “mas não a sua condenação”;
vocês tardam, mas “o juízo lavrado há longo tempo não tarda” (2 Pe 2:3), para o
qual estão “reservados.” (2 Pe 2:9 ) “Tomara fossem eles sábios! Então,
entenderiam isto e atentariam para o seu fim.”: “Aquele que tem ouvidos para ouvir,
que ouça o chamado de Deus neste dia de salvação.” (Dt 32:29)
Ó pecadores descuidados! Tomara nada conhecessem senão o
amor ao qual tão ingratamente negligenciam, e a preciosidade do sangue de
Cristo ao qual desprezam! Oh! Que nada conhecessem senão as riquezas do
evangelho! Oh! Que nada conhecessem, senão um pouco da certeza, da glória e da
bem-aventurança dessa vida eterna, sobre a qual agora ainda não têm os corações
firmados, nem estão persuadidos a primeira e diligentemente buscar (Hb 11:6;
12:28 e Mt 6:12). Se nada soubessem senão a vida infindável com Deus que
negligenciam, como seria rápida a sua fuga do pecado! Como seria rápida sua
mudança de mente e de vida, de curso e companhia; e como mudariam o fluxo de
suas afeições, e colocariam seus cuidados em outras coisas! Como resolutamente
desprezariam a concessão a estas mesmas tentações que agora os enganam e os
arrebatam! Como zelosamente se moveriam após esta vida bem-aventurada! Como
estariam prontamente com Deus em oração! Como seriam diligentes em ouvir,
aprender e investigar! Como seriam sérios em meditar nas leis de Deus! (Sl
1:1-2) Como temeriam pecar em pensamento, palavra ou ação; e como seriam
cuidadosos em agradar a Deus e crescer em santidade! Oh! Como seriam pessoas
transformadas! E por que não deveriam crer na palavra certa de Deus,
prevalecendo ela sobre vocês, esta mesma que lhes abre essas coisas gloriosas e
eternas?
Mas, permita-me lhes dizer que, mesmo aqui, na terra, vocês
pouco sabem a diferença entre a vida que recusam e aquela que escolheram. Os
santos são íntimos de Deus, ao passo que vocês raramente ousam pensar nEle, e
são íntimos apenas da terra e da carne. Eles conversam sobre o céu, enquanto
vocês são totalmente estranhos a este, e o Deus a quem servem é o ventre, e a
sua preocupação é apenas com as coisas terrenas (Fl 3:18-20). Eles buscam a
face de Deus, enquanto vocês não buscam nada superior a este mundo. Eles estão
ocupados dispondo para a vida infinita, onde serão semelhantes aos anjos (Lc
20:36); enquanto vocês estão arrebatados com as sombras e coisas transitórias
que nada valem. Como são arriscadas e degradantes suas vidas terrenas, carnais
e pecaminosas em comparação à vida nobre e espiritual dos verdadeiros crentes!
Muitas vezes olhei
para esses homens com dor e pena, vendo-os andar com dificuldade no mundo, e
gastar suas vidas, cuidados e trabalhos por nada mais do que um pouco de comida
e vestuário, ou um pouco de pálidos ganhos, ou de prazeres carnais, ou honras
vazias, como se não tivessem nada mais alto em mente. Que diferença há entre as
vidas desses homens e das feras que perecem; homens que gastam seu tempo no
trabalho, na comida e na bebida, enquanto vivem? Não provam dos prazeres
celestiais interiores que os santos provam e nos quais vivem. Prefiro ter um
pouco do conforto dos santos, que os mencionados pensamentos acerca de sua
herança celestial os concede - ainda que venha acompanhado de todo o desprezo e
sofrimentos - a ter todos os prazeres e prosperidades traiçoeiras que vocês
têm. Não queria ter nenhuma de suas opressões secretas e crises de consciência,
nem os pensamentos negros e terríveis sobre a morte e a vida porvir, em troca
de tudo o que mundo lhes dá, ou que possam razoavelmente esperar que ele o
faça.
Se estivesse no seu estado carnal de não convertidos, e
soubesse o que agora sei, e acreditasse no que agora acredito, penso que minha
vida teria um gosto antecipado do inferno. Como seriam frequentes os meus
pensamentos sobre os terrores do Senhor no dia lúgubre que se aproxima! A morte
certa e o inferno ainda estariam diante de mim. Pensaria neles de dia, e
sonharia com eles à noite. Eu me deitaria com medo, e com medo me levantaria, e
viveria no temor de que a morte me alcançasse antes da conversão. Teria
pouquíssima felicidade nas coisas que possuísse, e pouco prazer em qualquer
companhia, e pouca alegria nas coisas do mundo, enquanto soubesse estar sob a
maldição e ira de Deus. Estaria ainda no temor de ouvir esta voz: “Louco, esta
noite te pedirão a tua alma.” (Lc 12:20) E esta temível sentença estaria
escrita na minha consciência: “Para os perversos, todavia, não há paz, diz o
SENHOR.” (Is 48:22)
Ó pobres pecadores! É uma vida cheia de alegria que vocês poderiam
desfrutar, se estivessem verdadeiramente dispostos a ouvir a Cristo e vir a
Deus. Poderiam, então, se aproximar de Deus com ousadia, e chamá-lo de Pai, e
confortavelmente confiar a Ele suas almas e corpos. Se olhassem para as
promessas, diriam: são para mim! Se para a maldição, poderiam dizer: disto fui
liberto! Quando lessem a lei, poderiam ver aquilo de que foram salvos! Quando
lessem o evangelho, poderiam ver aquele que os redimiu, o curso do seu amor,
sua vida santa, seus sofrimentos, e segui-lo nas suas tentações, lágrimas e
sangue, na obra da salvação. Poderiam ver a morte conquistada, os céus abertos,
e suas ressurreições e glorificações fornecidas na ressurreição e glorificação
do seu Senhor. Se olhassem para os santos, poderiam dizer: “são meus irmãos e
companheiros.” Se olhassem para os profanos, poderiam se regozijar por se acharem
salvos desse estado. Se olhassem para o céu, o sol, a lua e as inumeráveis
estrelas, poderiam pensar e dizer: “A face de meu Pai é infinitamente mais
gloriosa; as coisas que ele preparou para os seus santos são superiores; o que
está ali não é senão o palácio exterior dos céus; a bem-aventurança que nos
prometeu vai muito além e é tão elevada que nem carne nem sangue podem
contemplar.” Se pensassem sobre o túmulo, poderiam lembrar-se que o Espírito
glorificado, a Cabeça viva, e o Pai amoroso, todos se encontram em relação tão
próxima ao seu corpo de pó, que ele não pode ser esquecido nem negligenciado;
mas é mais certo que ele volte à vida do que as plantas e flores renasçam na
primavera; pois a alma, que é a raiz do corpo, ainda estará viva; e Cristo está
vivo, que é a raiz de ambos. Até mesmo a morte, que é a rainha dos terrores,
poderia ser lembrada e desfrutada com alegria, como sendo o dia da sua
libertação do pecado residual e da dor, e o dia no qual creram, esperaram e
aguardaram, dia em que veriam as coisas benditas de que ouviram, e
descobririam, pela feliz experiência presente, como foi bom escolher a melhor
parte, e ser um santo e sincero crente.
O que me diz, ó homem? Não é esta uma vida mais deleitosa?
Estar seguro da salvação e pronto a morrer não é melhor do que viver como os
ímpios, que têm os corações sobrecarregados com os excessos, bebidas e cuidados
desta vida, vindo sobre eles inesperadamente o dia? (Lc 21:34-36) Não poderiam
vocês viver uma vida confortável, se de uma vez fossem feitos herdeiros dos
céus, e assegurados de que seriam salvos ao deixarem o mundo? Oh! Olhem a sua
volta, então, e pensem no que estão fazendo, e não lancem fora semelhantes
esperanças a troco de nada. A carne e o mundo não podem lhes dar essas
esperanças ou confortos.
E, além de toda a miséria que trazem sobre si mesmos, vocês
são os perturbadores dos outros, enquanto permanecem não convertidos. Vocês dão
problemas aos magistrados para que lhes governem com as leis; perturbam os
ministros, ao resistirem à luz e aos conselhos que lhes oferecem. Seus pecados
e miséria são a causa das maiores aflições e problemas para eles no mundo.
Vocês perturbam a comunidade, e atraem os julgamentos de Deus sobre si. São
vocês os que mais perturbam a paz santa e a ordem das igrejas e impedem nossa
união e reforma, e são a vergonha e o problema das igrejas onde se intrometem,
e nos lugares onde frequentam.
Ah! Senhor, como é pesada e triste esta situação, até mesmo
na Inglaterra, onde abunda o evangelho mais do que em qualquer nação do mundo,
onde o ensino é tão claro e comum, e todos os auxílios que desejamos estão
próximos. Quando a espada nos retalhava, e o julgamento corria como fogo na
nação, a libertação nos aliviou, e tantas misericórdias admiráveis nos atraíram
a Deus, e ao evangelho, e à vida santa. Porém, como é triste que, após isso
tudo, nossas cidades, vilas e campos abundem com multidões de profanos, e
enxameiem de tanta sensualidade, em toda parte, para nossa dor, como hoje
vemos!
Alguém poderia pensar que, após toda essa luz, e toda essa
experiência, e todos esses julgamentos e misericórdias de Deus, o povo desta
nação se reuniria, como um só homem, e se voltaria para o Senhor, e viria aos
seus mestres piedosos, lamentando todos os pecados de outrora, e desejando se
juntar uns aos outros em humilhação pública, para confessá-los abertamente,
rogando ao Senhor perdão para eles, e anelariam suas instruções, e estariam, a
partir daí, felizes em ser governados pelo Espírito no seu interior, e pelos
ministros de Cristo no exterior, de acordo com a palavra de Deus. Alguém
poderia pensar que, após ouvirem esse arrazoado, com evidências da Escritura,
como ouviram, e após todos esses males e misericórdias, não haveria um ímpio
entre nós, nem um mundano, nem um bêbado, ou alguém que odiasse a reforma, nem
um inimigo da santidade que fosse encontrado em todas as nossas cidades ou
campos. Se nem todos concordássemos acerca de certas cerimônias ou formas de
governo, alguém poderia pensar que, antes disso, todos deveríamos ter
concordado em viver uma vida santa e celestial, em obediência a Deus, à sua
palavra e aos ministros, e em amor e paz uns com os outros.
Porém, infelizmente, como está longe o nosso povo dessa
conduta! A maior parte deles, em muitos lugares, põem, na verdade, seus
corações em coisas terrenas e buscam “não em primeiro lugar o reino de Deus e
sua justiça”; mas contemplam a santidade como algo inútil. Suas famílias não
oram, e até mesmo algumas palavras sem coração e sem vida devem servir ao invés
de orações ferventes, sinceras e diárias [ou, talvez, apenas no dia do Senhor,
à noite]. A seus filhos não se ensina o conhecimento de Cristo, do pacto da
graça, nem são criados no alimento do Senhor, ainda que tenham prometido
firmemente isso tudo por ocasião do batismo deles.
Não instruem seus servos nos assuntos da salvação, mas desde
que façam seu trabalho, não se importam. Há mais palavras de insulto em suas
casas do que palavras graciosas, que tendem à edificação. Como são poucas as
famílias que temem ao Senhor, e buscam na sua Palavra e junto a seus ministros
sobre como devem viver, e o que devem fazer, e que estão dispostas a ser
ensinadas e governadas, e buscam de coração a vida eterna! E esses poucos a
quem o Senhor fez tão felizes são comumente motivo de chacota para os seus
vizinhos. Quando vemos alguns vivendo na bebedeira, e outros na soberba e
mundanismo, e a maior parte deles com pouca consideração pela salvação, ainda
que sua situação seja, sem dúvida alguma, repulsiva, contudo, dificilmente
serão convencidos de sua miséria, e muito arduamente recuperados e reformados.
Mas quando fizemos tudo o que está ao nosso alcance para livrá-los de seus
pecados, ainda deixamos a maior parte deles do modo pelo qual os encontramos. E
se, de acordo com a lei de Deus, os excomungamos da igreja, quando tiverem
obstinadamente rejeitado todas as nossas admoestações, rugem contra nós como se
fôssemos seus inimigos, e seus corações se enchem de malícia contra nós, e logo
se colocarão contra o Senhor e suas leis, contra a igreja e os ministros, ao
invés de irem contra seus pecados mortais.
Esta é a dolorosa situação da Inglaterra. Temos magistrados
que aprovam os caminhos da piedade, e uma feliz oportunidade para a unidade e
reforma diante de nós, e ministros fiéis anseiam por ver a justa ordenação da
igreja e das ordenanças de Deus; mas o poder do pecado em nosso povo frustra a
quase todos. Em quase nenhum lugar pode o fiel ministro aplicar a
inquestionável disciplina de Cristo, ou impedir o mais escandaloso dos pecadores
impenitentes da comunhão da igreja e da participação nos sacramentos, sem que a
maior parte do povo não se lhe oponha e o difame. Como se essas almas
descuidadas e ignorantes fossem mais sábias que seus mestres, ou do que o
próprio Deus! E assim, no dia da nossa visitação, quando Deus nos chama a
reformar sua igreja, não obstante o poder civil pareça disposto, e ministros
fiéis também, contudo, aí está a multidão de pessoas ainda indispostas, e se
cegaram de tal modo, endurecendo seus corações que, até mesmo nestes dias de
luz e graça, são obstinadas inimigas da luz e da graça, e não serão atraídas
pelos chamados de Deus para que vejam suas tolices, e saibam o que é bom para
elas. Tomara o povo da Inglaterra “conhecesse por si mesmo, ainda hoje, o que é
devido à paz! Mas isso está agora oculto aos seus olhos.” (Lc 19:42)
Ó almas tolas e miseráveis! (Gl 3:1) Quem enfeitiçou suas
mentes com essa loucura, e seus corações com semelhante apatia, para que fossem
inimigas mortais de si mesmas? E para que insistissem tão obstinadamente no
caminho da condenação, que nem a palavra de Deus, nem a persuasão dos homens,
pudessem mudar suas mentes, ou segurar suas mãos, ou detê-los, até que as
esperanças se fossem!
Bem, pecadores, esta vida não durará para sempre! Esta paciência
não esperará enquanto vocês se demoram. Não pensem que abusarão do seu Criador
e Redentor, e servirão a seus inimigos, e degradarão suas almas, e perturbarão
o mundo, e ultrajarão a igreja, e reprovarão os piedosos, e entristecerão seus
mestres, e impedirão a reforma, isso tudo sem um preço! Vocês ainda não sabem
qual será esse preço, mas brevemente saberão, quando o justo Deus os tomar
pelas mãos, e os tratar de outro modo que nem os mais incisivos dos magistrados
ou os mais leais dos pastores fizeram; a menos que impeçam os tormentos eternos
por uma conversão verdadeira, e uma célere obediência ao chamado de Deus.
“Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça,” enquanto a misericórdia tem uma voz
para clamar.
Uma objeção muito comum na boca dos ímpios, especialmente
nos últimos anos é: “Não podemos fazer nada sem Deus, não podemos ter a graça
se Deus não a conceder a nós. E, se Ele o fizer, rapidamente nos
arrependeremos. Se não nos predestinou, e não nos conceder arrependimento, como
podemos nos arrepender ou ser salvos? Não depende de quem quer ou de quem
corre.” Com isso, pensam que estão escusados.
Já respondi a isso anteriormente, e neste livro. Mas, me
permitam dizer o seguinte:
1. Ainda que não possam se curar, podem se ferir e envenenar
a si mesmos. É Deus quem deve santificar seus corações, mas quem os corrompeu?
Vocês tomarão voluntariamente veneno, porque não podem se curar? Penso que
deviam abster-se ainda mais do pecado. Deviam ter ainda mais cautela dele, se
não podem consertar o que o pecado estragou.
2. Ainda que não possam ser convertidos, sem a graça
especial de Deus, contudo, devem saber que Deus dá a sua graça no uso dos
santos meios que apontou para esse fim. E a graça comum pode lhes capacitar a
resistir a seus pecados escandalosos (quanto ao aspecto exterior) e a usar
esses meios. Vocês podem verdadeiramente dizer que fazem tanto quanto poderiam
fazer? Não são capazes de passar pelas portas da taverna, ou resistir às
companhias que lhes endurecem no pecado? Não são capazes de ouvir a Palavra, e
pensar sobre o que ouviram quando chegarem em casa, e considerarem consigo
mesmos sobre suas próprias condições e sobre as coisas eternas? Não são capazes
de ler bons livros diariamente, ou ao menos no dia do Senhor, e de conversarem
com os que são tementes a Deus? Vocês não podem dizer que já fizeram tudo de
que são capazes.
3. Portanto, devem saber que podem a graça e o auxílio de
Deus pela sua pecaminosidade ou negligência voluntária, ainda que não possam,
sem a graça, voltar-se para Deus. Se não farão o que podem fazer, é justo que
Deus lhes negue aquela graça pela qual poderiam fazer mais.
4. E, quanto aos decretos de Deus, vocês devem saber que
eles não separam o fim dos meios, mais os unem em harmonia. Deus jamais
decretou salvar alguém, senão os santificados, nem condenar ninguém a não ser
os não santificados. Deus, em verdade, decretou também se as suas terras, neste
ano, seriam estéreis ou frutíferas, e quanto tempo vocês devem viver neste
mundo, do mesmo modo como decretou se deveriam ser salvos ou não. Contudo,
vocês reputariam como tolo o homem que se recusasse a arar e semear, dizendo:
“Se Deus decretou que meu solo produzirá cereal, ele o produzirá, quer eu o
lavre e semeie ou não. Se Deus decretou que devo viver, viverei, coma eu ou
não. Mas se não decretou, não é a comida que me manterá vivo.” Vocês sabem como
responder a tal homem, não sabem? Se sabem, então sabem como responder a si
mesmos, pois a situação é a mesma: o decreto de Deus é tão categórico em
relação aos seus corpos quanto às suas almas. Se não fazem isso, então
experimentem primeiro, cheguem às conclusões nos seus corpos antes de se
aventurarem a testar suas almas. Vejam primeiro se Deus manterá seus corpos
vivos sem comida ou vestimentas, e se lhes dará cereal sem cultivo e trabalho,
ou se lhes trará ao final da viagem sem esforço ou transporte; e, se se saírem
bem nisso, então testem se ele os trará aos céus sem que usem diligentemente os
meios e, depois, sentem-se e digam: “Não podemos santificar a nós mesmos.”
Bem, senhores, não tenho senão três pedidos a lhes fazer, e
terei concluído.
Primeiro, que leiam seriamente este pequeno tratado – se em
suas famílias houver alguém necessitado dele, que leia para ele repetidas vezes
– e se os que temem a Deus forem eventualmente aos seus vizinhos ignorantes, e
lerem este ou algum outro livro neste assunto para eles, podem ser meios para
ganhar almas. Se não pudermos implorar que os homens façam trabalho tão
pequeno, para sua própria salvação, quanto lerem instruções tão curtas como
estas, então eles farão pouco caso por si mesmos, e muito justamente perecerão.
Segundo, quando houverem lido por completo este livro, eu
lhes imploro a ficarem a sós e ponderarem um pouco sobre o que leram, e pensem,
estando na presença de Deus, se isto não é verdade, e se quase não toca suas
almas, e se não é tempo de se moverem. Também lhes imploro que se coloquem de
joelhos e roguem ao Senhor que abra os seus olhos para entenderem a verdade, e
converta seus corações para o amor de Deus, e roguem dele todas as graças
salvíficas que por tanto tempo negligenciaram, e sigam-na dia após dia, até que
seus corações sejam transformados. E, ao mesmo tempo, vão aos seus pastores
(que estão estabelecidos sobre vocês, para que tenham cuidado da saúde e segurança
de suas almas, assim como os médicos cuidam da saúde dos seus corpos), e
peçam-lhes que os orientem sobre a direção que devem tomar, e que lhes
familiarizem com seus estados espirituais, para que possam desfrutar do
benefício de seus conselhos e auxílios ministeriais.
Ou, se não tiverem um pastor fiel próximo, façam uso de
algum outro para suprir tão grande necessidade.
Terceiro, quando pela leitura, reflexão, oração e conselho
ministerial, estiverem uma vez familiarizados com seu pecado e miséria, com seu
dever e cura, não adiem, mas logo esqueçam suas companhias e condutas
pecaminosas, e convertam-se a Deus, e obedeçam ao seu chamado. Por amor às suas
almas, cuidem de não ir contra chamado tão sonoro de Deus, e não sejam
contrários ao conhecimento e às suas consciências, para que no dia do
julgamento não ocorra com vocês pior do que a Sodoma e Gomorra. Investiguem
sobre Deus, como um homem disposto a conhecer a verdade, e não ser um traidor
voluntário de sua alma. Examinem as Escrituras diariamente, e vejam se as
coisas são desse modo ou não. Testem imparcialmente se é mais seguro confiar
nos céus ou na terra, e se é melhor seguir a Deus ou ao homem, ao Espírito ou à
carne, e se é melhor viver na santidade ou no pecado; ou se lhes é seguro viver
um dia a mais em um estado profano. E, quando descobrirem o que é melhor, ajam
de acordo, e façam sua escolha sem mais delongas.
E se forem verdadeiros com suas almas, e não amarem os
sofrimentos eternos, rogo-lhes, como da parte do Senhor, que nada façam senão
acatar este conselho razoável. Oh! Que cidades e campos felizes, e que feliz
nação teríamos, se pudéssemos persuadir as pessoas a acatarem esta atitude tão
necessária! Como seriam alegres os ministros fiéis se pudessem apenas ver o seu
povo verdadeiramente como pessoas celestiais e santas! Isso seria a unidade, a
paz, a segurança, a glória de nossas igrejas; a felicidade de nosso próximo e o
conforto de nossas almas. Então, como pregaríamos confortavelmente para vocês o
perdão e a paz, e entregaríamos os sacramentos, que são os selos dessa mesma
paz! E com que amor e alegria viveríamos em meio a vocês! Nos seus leitos de
morte, como ousadamente poderíamos confortar e encorajar suas almas moribundas!
E nos seus funerais, como seria confortável deixá-los no túmulo, na expectativa
de encontrá-los nos céus, e ver seus corpos ressurretos para a glória!
Mas, se ainda a maior parte de vocês continua numa vida
descuidada, ignorante, carnal, mundana e profana, e todos os nossos desejos e
labores não puderam até aqui prevalecer a fim de evitar que voluntariamente
condenassem a si mesmos, devemos imitar nosso Senhor, que se deleitava naqueles
que são as pérolas e no pequeno rebanho que receberá o reino, quando a maior
parte colherá a miséria que plantaram. Na natureza, são poucas as coisas
excelentes. O mundo não tem muitos sóis ou luas. Não é senão um pouco da terra
que é ouro ou prata. Príncipes e nobres são uma pequena parte dos filhos dos
homens. E não é grande o número dos letrados, judiciosos e sábios neste mundo.
Portanto, se estreita é a porta e muito apertada, não serão senão poucos que
acharão a salvação. Mas, nestes poucos, Deus terá sua glória e prazer. E quando
Cristo vier com seus anjos poderosos, em fogo chamejante, tomando vingança
sobre os que não conhecem a Deus, e não obedecem ao evangelho de nosso Senhor
Jesus Cristo, sua vinda será glorificada nos santos, e admirada em todos os
crentes verdadeiros (2 Te 1:7-10).
E para os demais, como Deus Pai condescendeu em criá-los, e
Deus Filho não desprezou carregar a penalidade de seus pecados na cruz, e não
reputou tais sofrimentos como vãos, ainda que soubesse que, ao recusar a
santificação do Espírito Santo eles finalmente destruiriam a si mesmos, também
nós, que somos seus ministros, ainda que estes não sejam reunidos, não
reputaremos nosso labor como inteiramente perdido. (Is 49:5)
Leitor, terminei com você (quando tiver lido todo este livro), mas
o pecado ainda terminou (mesmo aqueles que você pensa ter esquecido há muito
tempo), e Satanás não terminou com você (mesmo que esteja fora de vista) e Deus
ainda não terminou com você, porque você não será persuadido a terminar com o
poder reinante e mortal do pecado. Escrevi-lhe estes argumentos como alguém que
está indo ao outro mundo, onde se podem ver as coisas que aqui são faladas, e
como alguém que sabe que brevemente você estará lá. Se alguma vez, você me
encontrar com conforto diante do Senhor que nos criou; se alguma vez escapar
das pragas eternas preparadas para os desprezadores finais da salvação, e para
todos os que não são santificados pelo Espírito Santo, e não amam a comunhão
dos santos, como membros da santa igreja universal; se alguma vez você espera
ver a face de Cristo, o juiz, e a majestade do Pai, com paz e conforto, e ser
recebido em glória quando partir nu deste mundo; eu lhe imploro, eu lhe
responsabilizo, ouça e obedeça ao Chamado de Deus, e resolutamente se arrependa
para que possa viver.
Mas, se não o fizer, mesmo que não tenha razão verdadeira
para isso, senão a falta de vontade, eu o invoco a responder diante do Senhor,
e lhe peço que, lá, preste testemunho sobre mim, que lhe avisei, e que você não
foi condenado por falta de um chamado para se converter e viver, mas porque não
creu e obedeceu a esse chamado. Isso também deverá ser o testemunho de
Seu
sério Admoestador
RICHARD
BAXTER
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