A GRANDE TENTAÇÃO DE JOSÉ E
SEU GRACIOSO LIVRAMENTO
Ele, porém, deixando as vestes nas mãos
dela, saiu, fugindo para fora. (Gn 39. 12b)
Temos aqui, e no contexto, um relato do
notável procedimento de José na casa de Potifar, que foi motivo tanto de sua
grande aflição quanto de seu alto progresso e prosperidade na terra do Egito.
Lemos, no início do capítulo, como José,
após ter sido cruelmente tratado por seus irmãos, e vendido ao Egito como um
escravo, prosperou na casa de Potifar, que o havia comprado. José temia a Deus,
portanto, Deus estava com ele, a ponto de influenciar o coração de seu senhor,
que, ao invés de mantê-lo como um mero escravo, conforme o propósito original
de sua compra, o fez seu mordomo e superintendente de toda a sua casa. Tudo o
que tinha pôs em suas mãos, de tal maneira que somos informados no v. 6: “Potifar tudo o que tinha confiou às mãos de
José, de maneira que, tendo-o por mordomo, de nada sabia, além do pão com que
se alimentava.”
Enquanto José estava nestas prósperas
circunstâncias, encontrou-se em meio a grande tentação na casa de seu senhor.
Lemos que, sendo um rapaz bonito de porte e de aparência, sua senhora pôs nele os
olhos e o desejou, e usou toda sua arte para tentá-lo a cometer impureza com
ela.
Com relação a essa tentação, e ao
procedimento de José nela, muitas coisas são dignas de nota, particularmente:
Podemos observar como foi grande a tentação na qual esteve José.
Deve ser levado em conta que ele estava, naquele momento, em sua juventude, uma época da vida em que as
pessoas estão mais sujeitas a ser vencidas por tentações dessa natureza. E encontrava-se
em um estado de inesperada prosperidade na
casa de Potifar, o que tem a tendência de envaidecer as pessoas, especialmente
as jovens, pelo que é comum que mais facilmente caiam diante das tentações.
Ademais, a superioridade da pessoa que deu ocasião à sua tentação a tornou
ainda maior. Era sua patroa, e ele um servo dela. E também a maneira dela o tentar, pois não apenas
se insinuava para ele, para fazê-lo suspeitar que poderia ser admitido a um
relacionamento proibido com ela, mas diretamente lhe fazia propostas, manifestando-lhe claramente sua disposição. Assim,
não havia aqui algo como uma suspeita da disposição da parte dela para o
encorajar, mas uma manifestação de seu desejo para atiçá-lo. De fato, ela
parecia bastante engajada na matéria. E não havia apenas seu desejo manifesto
de provocá-lo, mas sua autoridade sobre ele para reforçar a tentação. Era sua
patroa, e ele bem podia imaginar que, se recusasse totalmente se submeter,
incorreria no seu desfavor, e ela, sendo a mulher do seu senhor, tinha poder
para trabalhar em seu prejuízo, e tornar sua situação muito desconfortável na
família.
E a tentação foi maior, pois ela não
apenas o tentou uma vez, mas frequentemente, todos os dias (v. 10). Por fim, se tornou mais violenta com ele. Pegou-o
pelas vestes, dizendo: Deita-te comigo.
A postura
de José foi muito notável nessas tentações. Recusou, em absoluto, qualquer
comprometimento. Não deu qualquer resposta que manifestasse que a tentação o
houvesse vencido. Menos ainda hesitou ou deliberou quanto a ela. Não cedeu em
nenhum grau, quer ao ato grosseiro
que ela propunha, quer a algo que tendesse
para ele, ou que pudesse de alguma maneira satisfazê-la em suas ímpias
inclinações. E persistiu resoluto e inabalável sob as contínuas solicitações da
mulher: “Falando
ela a José todos os dias, e não lhe dando ele ouvidos, para se deitar com ela e
estar com ela.” (v. 10) Ele evitou ao
máximo até mesmo estar onde ela estava. E os motivos e princípios baseados nos
quais agiu, e que foram manifestos pela sua resposta às solicitações da mulher,
são notáveis.
Primeiramente, mostra-lhe como seria
injurioso se agisse contra o seu senhor, se aquiescesse a sua proposta: “Tem-me por mordomo o meu senhor e não
sabe do que há em casa, pois tudo o que tem me passou ele às minhas mãos. Ele
não é maior do que eu nesta casa e nenhuma coisa me vedou, senão a ti, porque
és sua mulher.” (Gn 39.8,9). Então,
prossegue para informá-la do que, acima de tudo, o impedia de comprometer-se,
isto é, que seria grande impiedade e pecado contra Deus: “Como, pois, cometeria eu tamanha maldade
e pecaria contra Deus?” Isso ele
não faria de forma alguma, assim como não prejudicaria seu senhor. Mas, o que acima
de tudo o influenciava nessa ocasião era o temor de pecar contra Deus. Por este
motivo, persistiu em sua resolução até o fim.
No texto, temos um relato do seu comportamento
na última e maior tentação da parte dela. Foi uma grande tentação, uma vez que
ocorreu em um momento em que não havia ninguém na casa, exceto ele e sua patroa
(v. 11). Houve uma oportunidade para cometer o fato no maior segredo. E, nesse
momento, parece que ela foi ainda mais violenta que antes, pois o pegou pelas
vestes, apossou-se dele, como se estivesse resoluta em atingir seu propósito.
Nessas circunstâncias, ele não apenas a
recusou como fugiu dela, como teria feito se fosse alguém disposto a assassiná-lo.
Fugiu como se fosse por sua vida. Ele assegurou-se não apenas de não se tornar
culpado do fato, mas também de, por todos os modos, escapar da casa dela, onde
estaria no caminho de sua tentação. Este comportamento de José está, sem
dúvida, registrado para a instrução de todos nós. Portanto, das palavras ditas,
observarei que é nosso dever não apenas evitar aquelas coisas que são em si
pecaminosas, mas também, até onde for possível, aquelas que levam e expõem ao
pecado.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabens pelo Blog.
ResponderExcluirhttp://escolabiblicaconhecedoresdaverdade.blogspot.com.br/
Obrigado.
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